Pesquisadores do Curso Colaborativo de Saúde Pública de Harvard, realizado em Fortaleza, conheceram, nesta terça-feira (9), a experiência do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CCPHA). O encontro, sediado na Assembleia Legislativa, contou com a participação de estudiosos de universidades do Brasil e da universidade americana, além do chefe da Célula Epidemiológica da Prefeitura de Fortaleza e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor), Antonio Lima.
Coordenado pela professora brasileira Márcia Castro, que é docente associada de Demografia do Departamento de Saúde Global e População da Universidade de Harvard, a terceira edição do curso ocorre de 3 a 19 de janeiro de 2018. Na visita ao CCPHA estavam presentes os integrantes do grupo que estuda violência, uma das cinco áreas do curso, que também aborda desenvolvimento na primeira infância; HIV e AIDS; dengue, zika e chikungunya; e tuberculose.
De acordo com a professora Márcia Castro, a proposta é que os estudantes que participam do curso conheçam experiências locais sobre as temáticas específicas e desenvolvam pesquisas e projetos relacionados ao problema. Ela acrescentou que, além da abordagem dos homicídios, o grupo tem pesquisado sobre violência doméstica.
O coordenador da equipe técnica do CCPHA, Thiago de Holanda, apresentou o trabalho desenvolvido pelo colegiado e a pesquisa realizada em sete municípios cearenses que resultou no relatório Cada Vida Importa. Ele explicou o conceito de jovem “matável”, lembrando que a maioria dos meninos assassinados não despertam mobilização da sociedade e do poder público por ocuparem uma posição de invisibilidade. Dos 1.524 processo de homicídios contra adolescentes analisados pela equipe do Comitê durante a pesquisa, apenas 2,8% deles apresentaram alguma tramitação em primeira instância.
O elevado número de homicídios de meninos e meninas de 10 a 19 anos no Ceará causou grande impacto aos estudiosos da universidade americana. Noor Zanial, estudante de mestrado de Ciências e Saúde Global da Universidade de Harvard, mostrou-se interessada em colaborar com pesquisas relacionadas à temática. Os pesquisadores abordaram questionamentos sobre a relação entre evasão escolar e homicídios, projetos sociais voltados para adolescentes em situação de vulnerabilidade e impunidade relacionada a essas mortes.
No encontro, estavam presentes pesquisadores da Universidade de Harvard, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Universidade Federal de Sergipe (UFS). O Curso Colaborativo de Saúde Pública de Harvard é resultado de parceria entre Universidade de Harvard, Universidade Federal do Ceará (UFC) e Instituto da Primeira Infância (IPREDE).