A equipe do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CCPHA) participou, na última terça-feira (17), do II Seminário sobre Atenção Integral às Vítimas de Violência, promovido pela Rede Acolhe, da Defensoria Pública, que acaba de completar um ano de trabalho. No evento, que ocorreu no Centro Cultural Bom Jardim, foi apresentado um balanço dos atendimentos já realizados pela equipe jurídica e psicossocial do programa.

De acordo com o coordenador da equipe técnica da Rede Acolhe, Thiago de Holanda, quase 50% tiveram pelo menos outro parente ou amigo próximo assassinado antes ou depois do fato e 35% disseram sofrer ainda ameaças, ocasionando evasão escolar das crianças e jovens em 20,7% dos casos e mudanças de endereço de 22,8% das famílias. “A gente precisa prevenir antes que outras mortes aconteçam”, reforçou o sociólogo, que também integra o CCPHA.

Psicóloga do programa, Jéssica Cavalcante defendeu ser preciso superar o discurso que criminaliza as vítimas de violência, acrescentando que, em geral, elas já vivenciaram um processo de aprofundamento de vulnerabilidades. “As pessoas que procuram a Rede Acolhe já estão vulneráveis a outros aspectos. A violência não é um problema apenas da segurança pública, mas da saúde, educação, assistência”, destacou.

A defensora pública que coordena a Rede Acolhe, Gina Moura, salientou a importância de garantir a independência institucional da Defensoria Pública. “O nosso trabalho é para promover a justiça social”, disse.

A Rede Acolhe está vinculada ao Núcleo de Assistência ao Preso Provisório e às Vítimas de Violência (Nuapp). O programa garante atendimento jurídico e psicossocial a vítimas de homicídios ou tentativas de homicídio. É composto por uma equipe multidisciplinar com sociólogo, psicólogos, assistente social e defensores públicos. Por meio de parceria com o curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), a Rede tem atendido famílias no Grande Bom Jardim.