O Ceará tem o 2º maior percentual de crianças com privação de direitos entre os estados do Semiárido, de acordo com os dados de estudo do UNICEF, que analisou as diferentes dimensões da pobreza sofrida por crianças e adolescentes no país. Na pesquisa, o organismo internacional analisou cinco dimensões da pobreza, além da monetária: o acesso à educação, informação, proteção contra o trabalho infantil, água, moradia e ao saneamento.

68,6% dos meninos e meninas cearenses sofrem pelo menos uma privação, com destaque para o acesso ao saneamento, à água e à informação. O estudo – Bem-estar e privações múltiplas na infância e adolescência do Brasil – foi apresentado na tarde de ontem (7) por Liliana Chopitea e Santiago Varella, da Área de Políticas Sociais, Monitoramento e Avaliação do UNICEF, durante sessão que discutiu a criação de uma Frente Parlamentar pela Superação da Pobreza Multidimensional da Infância e da Adolescência, na Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Nezinho Farias.

O relator do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CCPHA), dep. Renato Roseno, que integrará a Frente, esteve presente e reiterou a relação entre desigualdade, segregação sócio-econômica e espacial com os fenômenos da violência. “Um dos fatores incidentes na violência é a pobreza multidimensional, que está concentrada em algumas áreas: nas periferias urbanas e zonas rurais do semiárido, portanto é socioespacial e incide nessa dinâmica da reprodução e perpetuação da violência. É necessário interrompê-la, mais do que pelas vias coercitivas e repressivas, por políticas que sejam sobretudo promotoras da vida e da dignidade de todas as crianças e adolescentes”

A pobreza multidimensional foi um dos assuntos abordados pelo Comitê no relatório Cada Vida Importa do primeiro semestre de 2018. No artigo “Homicídios no Ceará sob a perspectiva de familiares de adolescentes assassinados: pobreza multidimensional, racismo, relações institucionais e percepções de segurança” os autores utilizaram microdados da pesquisa do Comitê e elencaram cinco dimensões da pobreza multidimensional, relacionada às vítimas da violência letal: Trabalho e renda, Condições de moradia, Bem-estar econômico, Segurança e Educação.

O texto foi escrito pelos pesquisadores da Universidade Federal do Ceará e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), João Paulo Pereira Barros, James Ferreira Moura Júnior, Damião Soares de Almeida Segundo e Luis Fernando de Sousa Benicio  e pode pode ser lido na íntegra no Relatório 2018.1 (sessão Publicações do site) ou no link: encurtador.com.br/uRXY9